Você sente dor em um membro durante a atividade, que melhora com o descanso, e já desconfiou de uma lesão muscular sem encontrar resposta? Esse padrão pode ser sinal de síndrome compartimental crônica.

Este problema afeta principalmente atletas e pessoas que exercem movimentos repetitivos, mas também pode surgir em trabalhadores e ciclistas. Vou explicar de forma prática o que observar, como é feito o diagnóstico e quais opções de tratamento existem.

O que é síndrome compartimental crônica?

A síndrome compartimental crônica é o aumento da pressão dentro de um compartimento muscular, causado por pouca elasticidade das fáscias que envolvem o músculo. Essa pressão prejudica a circulação e provoca dor, dormência e fraqueza durante o esforço.

Ao contrário da forma aguda, que é uma emergência médica, a versão crônica se instala aos poucos e costuma melhorar com o repouso. Ainda assim, pode limitar muito a atividade física e a vida cotidiana.

Causas e fatores de risco

Conforme destacado pelo Dr. Ulbiramar, ortopedista com foco em joelho, entender a origem ajuda a prevenir. Entre as causas mais comuns estão treino excessivo, alterações biomecânicas, uso prolongado de calçados inadequados e aumento da massa muscular em espaços rígidos. 

Pessoas que mudam bruscamente a intensidade de exercícios têm maior risco. Alguns fatores aumentam a probabilidade, como pé pronado, descompensação na técnica esportiva e histórico de trauma leve repetido na região afetada.

Sinais e sintomas a observar

Os sintomas costumam aparecer durante a atividade e cessam com o repouso. Observe:

  • Dor progressiva: Dor que surge alguns minutos após iniciar a atividade e vai aumentando.
  • Formigamento ou dormência: Sensação de perda sensorial na região afetada.
  • Fraqueza: Perda de força que prejudica a performance.
  • Sensação de pressão: Músculo “tenso” ou inchado dentro da perna ou braço.

Esses sinais podem variar conforme o compartimento atingido, sendo mais comum na parte anterior da perna em corredores e ciclistas.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico começa com uma boa história clínica e exame físico. O médico quer saber quando a dor começa, quanto tempo dura e o que piora ou melhora os sintomas.

Para confirmar, o teste padrão é a medida da pressão intracompartmental com um manômetro. Esse exame compara a pressão em repouso e após o exercício.

Outros testes complementares ajudam a excluir alternativas, como imagem por ressonância magnética para avaliar tecidos e ultrassonografia para descartar lesões musculares ou tendíneas.

Passo a passo do diagnóstico

  1. Avaliação clínica: História e exame físico focado na atividade e localização da dor.
  2. Exercício-controlado: Reproduzir os sintomas em consultório quando possível.
  3. Medida de pressão: Medir pressão intracompartmental antes e depois do exercício.
  4. Exames de imagem: Ressonância ou ultrassom para excluir outras causas.

Manejo: opções conservadoras

O tratamento inicial costuma ser conservador. O objetivo é reduzir a pressão no compartimento e corrigir fatores que contribuíram para o problema.

  • Modificação de treino: Reduzir volume e intensidade por algumas semanas.
  • Fisioterapia: Alongamento, fortalecimento e correção de padrão de movimento.
  • Adaptação de calçados e palmilhas: Ajustes que melhorem a mecânica do pé.
  • Medicamentos: Analgésicos e anti-inflamatórios para controle sintomático.

Essas medidas funcionam bem em muitos casos, especialmente quando as alterações biomecânicas são identificadas e corrigidas a tempo.

Manejo: opções cirúrgicas

Se o tratamento conservador não traz alívio, a fasciotomia é a cirurgia indicada. O objetivo é abrir a fáscia para liberar a pressão dentro do compartimento.

A cirurgia pode ser realizada por técnica aberta ou minimamente invasiva, dependendo da área e da preferência do cirurgião. A recuperação inclui fisioterapia para recuperar força e retornar às atividades.

Cuidados práticos e prevenção

Pequenas mudanças reduzem o risco e ajudam quem já teve sintomas.

  • Aquecer e alongar: Inclua rotina de aquecimento e flexibilidade antes do exercício.
  • Progredir gradualmente: Aumente carga e distância aos poucos.
  • Revisar técnica: Treinar com profissional para corrigir marchas ou pedaladas defeituosas.
  • Equipamento adequado: Usar calçados e palmilhas que suportem sua mecânica.

Em alguns contextos, como após cirurgias articulares ou uso de prótese, a reabilitação deve ser bem orientada. Um médico com expertise em prótese do joelho em Goiânia relatou que profissionais que acompanham pacientes depois de uma prótese do joelho costumam reforçar a importância do ajuste biomecânico para evitar sobrecargas.

Quando procurar um médico

Procure avaliação se você tiver dor que limita atividade e que melhora com repouso, se notar perda de sensibilidade ou fraqueza progressiva. A forma aguda, com dor muito intensa, inchaço e perda de pulso, é emergência e exige atendimento imediato.

Um profissional experiente pode diferenciar a síndrome compartimental crônica de outras causas, como tendinopatias e estiramentos.

Exemplo prático

Um corredor de 28 anos sentia dor na perna após 15 minutos de corrida. A dor sumia em 10 minutos de descanso. Após exames, foi confirmada síndrome compartimental crônica e ele iniciou fisioterapia e correção de pisada.

Em oito semanas voltou a correr sem dor. Esse é um cenário comum quando o problema é identificado cedo.

Conclusão

A síndrome compartimental crônica é uma causa tratável de dor relacionada ao exercício. Reconhecer os sinais, confirmar o diagnóstico com avaliação adequada e adotar manejo correto faz muita diferença na recuperação. Comece com modificações do treino, fisioterapia e, se necessário, considere a fasciotomia.

Se você tem dor recorrente que melhora com descanso, vale avaliar a possibilidade de síndrome compartimental crônica com um especialista. Aplique essas dicas e procure orientação profissional para retomar suas atividades sem dor.

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