Nico Erik Rosberg, nascido há 31 anos em Wiesbaden, na Alemanha, conquistou neste domingo o título da categoria máxima do automobilismo.
Filho de Keke, campeão em 1982, iguala assim o feito de Damon Hill.
Há exatos 20 anos, o inglês garantiu o título que o pai, Graham, conquistara em 1962 e 1968.
Para tornar-se o 33º campeão da F-1, o terceiro nascido na Alemanha, Rosberg só precisou chegar em segundo lugar no GP de Abu Dhabi, 21ª e última etapa da mais longa temporada de todos os tempos.
A vitória foi de Hamilton, que começou o ano tentando o tetracampeonato mundial, perdeu-se por algumas provas e, quando tentou a reação, já estava distante demais do companheiro.
A corrida foi muito boa. E começou com uma largada das mais tranquilas para os candidatos ao título.
Hamilton manteve a ponta, seguido por Rosberg e Raikkonen.
Verstappen tentou uma graça, colocou o carro lado a lado com Hulkenberg, mas errou na dose: escorregou, tocou a Force India, despencou para último.
O top 10 ao fim da primeira volta: Hamilton, Rosberg, Raikkonen, Ricciardo, Vettel, Hulkenberg, Pérez, Alonso, Massa e Bottas.
Na quinta volta, Hamilton tinha 0s8 sobre Rosberg, que tinha 1s1 para Raikkonen. Distâncias seguras para ambos.
Na sétima volta, a Mercedes chamou Hamilton para os boxes. Ele entrou na seguinte e trocou os pneus ultramacios pelos macios.
Rosberg, claro, fez o mesmo uma volta depois.
Ambos voltaram no meio do pelotão da frente. Hamilton em terceiro, Rosberg em quinto. Entre eles, acredite, estava Verstappen.
Hamilton passou, então, a segurar o ritmo. A ideia era aproximar seus perseguidores, na esperança de algo diferente.
Na 12ª volta, o inglês já era o líder, mas com Verstappen apenas 0s7 à frente de Rosberg.
O alemão, claro, não tentaria nenhuma loucura. Mas perderia terreno, isso era inevitável.
Na 13ª, o fim de uma carreira: o braço dianteiro direito da suspensão da McLaren quebrou após um ataque à zebra da curva 9, e Button deixou a prova sob fortes aplausos das arquibancadas.
A noite ia caindo nos emirados. E, por mais que Hamilton tentasse, o título continuava rumando para as mãos de Rosberg.
O tricampeão era o líder, com 2s9 sobre Verstappen. Rosberg continuava a 0s7 do holandês, mas sem ensaiar nenhum ataque.
Tão forte era o empenho de Hamilton em segurar o ritmo que a Mercedes passou a alertá-lo sobre a baixa temperatura dos pneus. O risco era perda de aderência.
Na 20ª, ciente de que um pelotão com Raikkonen, Ricciardo e Vettel se aproximava de forma ameaçadora, Rosberg decidiu passar Verstappen.
Foi tenso. O holandês endureceu, os carros quase se tocaram, mas o alemão prevaleceu. O paddock todo segurou a respiração por alguns instantes.
Na 22ª, Verstappen enfim foi para os boxes. Colocou pneus macios para ir até a bandeirada final.
Hamilton fez seu segundo pit seis voltas depois. Colocou um novo jogo de pneus macios.
Rosberg, como esperado, parou logo depois e seguiu exatamente a mesma receita.
Ambos voltaram atrás de Vettel, com 1s4 separando-os.
Hamilton seguia segurando o ritmo. Era sua única esperança. Chegou a ouvir uma “recomendação” da Mercedes para acelerar forte. Fez isso por uma volta, até voltar ao modo tartaruga.
Na 38ª, Vettel enfim fez seu segundo pit. Janela fechada, posições reestabelecidas no pelotão da frente.
Hamilton liderava, com 1s3 sobre Rosberg. Verstappen era o terceiro, seguido por Ricciardo. Raikkonen e Vettel vinham na sequência. Fechando o top 10, Hulkenberg, Pérez, Alonso e Massa.
Verstappen chegaria em Rosberg para tentar o troco? Era com isso que Hamilton contava. Na 40ª volta, 3s5 separavam alemão e holandês.
Não deu. Rosberg elevou a folga para 4s1 em 2 voltas. Estava com o controle da situação, o alemão.
Sem conseguir se aproximar de Rosberg, Verstappen passou a ser ameaçado por Vettel, que vinha em ritmo muitíssimo forte.
Na 51ª, Vettel conseguiu a manobra. Terceiro lugar.
Foi de assistir de pé.
Apenas 3s5 separavam o líder, Hamilton, do quarto colocado, Verstappen.
Rosberg estava encaixotado, vivendo o dilema de tentar passar Hamilton ou de virar almoço de Vettel e Verstapen.
“Lewis, aqui é o Paddy. Precisamos que você melhore o ritmo. Isso é uma instrução”, disse Paddy Lowe, dirigente da Mercedes, pelo rádio. “Estou na liderança, confortável na situação”, respondeu o inglês.
Mas não deu para Hamilton.
Na linha de chegada, 0s439 separava-o de Rosberg. Vettel cruzou a 0s404 do compatriota. Verstappen passou a 0s842 do ferrarista. Completando o top 10, Ricciardo, Raikkonen, Hulkenberg, Pérez, Massa e Alonso.
Com o resultado, Rosberg fecha o Mundial com 385 pontos. Hamilton, dez vitórias contra nove do companheiro, chegou a 380.
O Mundial de 2016 não celebrou o melhor piloto da F-1, mas coroou o melhor da temporada.
Acontece de tempos em tempos.
Foi justo. Foi merecido. Parabéns aos Rosberg. (G.B)